sexta-feira, 5 de outubro de 2007


Caminha Alegremente


Raízes de amargura existirão sempre, nos corações humanos, aqui e ali, como

sementes de plantas inúteis ou venenosas estarão no seio de qualquer campo.

Contudo, tanto quanto é preciso expulsar a erva daninha para que haja colheita

nobre e farta, é indispensável relegar ao esquecimento os problemas superados

e as provações vencidas, para que reminiscências destruidoras não brotem no

solo da alma, produzindo os frutos azedos das palavras e das ações infelizes.

Mãos prestimosas arrancarão o escracho, em torno da lavoura nascente, e atitudes

valorosas devem extirpar do espírito as recomendações amargas, suscetíveis de

perturbar o caminho.

Se alguém te trouxe dano ou se alguém te feriu, pensa nos danos e nas feridas que

terás causado a outrem, muitas vezes sem perceber.

E tanto quanto estimas ser desculpado, perdoa também, sem quaisquer restrições.

Observa a sabedoria de Deus na esfera da Natureza.
A fonte dissolve detritos que ,lhe arrojam.
A luz não faz coleção de sombras.
Caminha alegremente e constrói para o bem, porque só o bem permanecerá.


Seja qual for a dor que hajas sofrido, lembra-te que tudo amanhã será melhor se

não engarrafares fel e vinagre no coração

EMMANUEL

Por que sofrem os animais?

O saudoso escritor Carmo Bernardes considerava muito importante a presença de animais domésticos numa casa, em contato com as crianças.
Assim, elas crescem amando e respeitando os bichos, porque aprendem que eles sofrem tanto quanto nós mesmos - dizia o sábio regionalista.
Por que sofrem os animais? Eis aí um tema a exigir muitos e profundos estudos, aos quais a Doutrina Espírita oferece os primeiros fundamentos.
Agora mesmo, com o mal da vaca louca nas manchetes da imprensa, ficamos nos perguntando o motivo dessas epidemias que dizimam milhares e até milhões de bovinos.
A chave para a explicação pode estar no abate desenfreado de gado para alimentação humana. Ainda sem livre arbítrio, a alma animal tem necessidade do aprimoramento, num processo reencarnatório estabelecido pela Natureza. O homem o interrompe violentamente e a resposta é a doença coletiva, porque o equilíbrio natural foi abruptamente partido.
A alma animal já possui, em maior ou menor quantidade, uma relativa liberdade e mantém a individualidade depois da morte. Ainda sem livre arbítrio, contudo, ela não dispõe da faculdade de escolha desta ou daquela espécie para renascer. Seu espírito progride, reencarnando em corpos cada vez mais capazes de lhe favorecerem condições para as primícias do raciocínio acima do instinto.
Entre o espírito do homem e os espíritos dos animais, todavia, a distância é quase do tamanho da existente entre Deus e o homem. É um mistério que a mente humana só muito lentamente aclarará.
A alma animal, que já passou pelo reino mineral, onde a individualidade não existe, evoluiu através do reino vegetal e um dia iniciará a longa caminhada da espécie humana em direção à angelitude.
Mas é muito difícil raciocinar nesses termos devido ao ranço das religiões sectárias, ao orgulho, pretensão, vaidade e egoísmo próprios da espécie humana. O egocentrismo persiste até hoje e é ele que impede à esmagadora maioria das pessoas aceitar a existência do vida em outros planetas embora Jesus tenha afirmado, há dois mil anos, que a casa do Pai tem muitas moradas.
Discípulo de Herbert Spencer, Ernesto Bozzano trouxe da escola positivista o hábito de se apoiar no fato para dele tirar conclusões. Seu audacioso livro Os animais têm alma?, produzido na primeira metade do século XX, é fruto de pesquisas sérias realizadas em 130 casos de aparições e outros fenômenos supranormais com animais.
No prefácio da edição brasileira de sua obra, Francisco Klors Werneck lamenta que, geralmente preocupados com outros problemas, os homens não dêem atenção a seus irmãos inferiores, aos grandes e pequenos seres da criação como cavalos, cães, gatos e outros, "como se eles também não tivessem alma, não possuíssem sentimentos afetivos e mesmo faculdades surpreendentes."
Ele cita que alguns animais percebem a morte próxima, como cavalos e bois que se recusam a entrar no matadouro, advertidos ninguém sabe como, do que os espera lá dentro. Animais, como os cães, se deixam morrer depois da morte de seus donos, tal a desesperada saudade que sentem deles. Um famoso cavalo de corrida se tornou de tal afeição por uma cabra que não aceitava se separar dela.
Os animais têm alma? Dá a entender que os cães podem ser a espécie mais evoluída na escala animal. Relata o fato surpreendente do cão que avançou ferozmente contra outro e parou sem o agredir, ao verificar que era cego. Outro, mais extraordinário ainda, do cirurgião que tratou, em sua própria casa, de um cachorro que tivera a pata esmagada. Passados doze meses, o médico ouviu estranhos arranhões na porta da rua, abriu-a e espantou-se. O cão que curara um ano antes lhe trazia um companheiro com a pata esmagada.
Fato parecido é comum na Cavalaria da Polícia Militar do Estado de Goiás, em Goiânia, onde cavalos com dor de barriga procuram por conta própria o consultório do veterinário, segundo nos contou o doutor Francisco Godinho, que ali trabalha há muitos anos.
Há uma página admirável de Emmanuel, intitulada "Animais e sofrimento", na qual ele analisa o que parece injustiça: os animais, isentos da lei de causa e efeito, sem culpas a expiar por serem irracionais, padecerem sacrifícios e dores neste mundo.
O notável instrutor espiritual de Francisco Cândido Xavier considera, em primeiro lugar, ser necessário interpretar o sofrimento "por mais altos padrões de entendimento. Ninguém sofre tão-somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando recursos preciosos para a obter. Assim é que o animal atravessa longas eras de prova a fim de domesticar-se, tanto quanto o homem atravessa outras tantas longas eras para se instruir".
Nenhum espírito obtém elevação ou cultura por osmose, mas unicamente através do trabalho paciente e intransferível.
O animal, igualmente, para chegar à auréola da razão, deve conhecer benemérita e comprida fieira de experiências que terminarão por lhe conferir a posse definitiva do raciocínio. Sem sofrimento, não há progresso.
Todo ser, criado por Deus simples e ignorante, é compelido a lutar pela conquista da razão, para em seguida a burilar. Dor física no animal é passaporte para mais amplos recursos nos domínios da evolução. Dor física no homem, acrescida de dor moral, é fixação de responsabilidade em trânsito para a Vida Maior.
Toda criatura caminha para ser anjo: investida na posição de espírito sublime, livra-se da dor, porque o amor lhe será sol no coração, dissipando as sombras ao toque da sua própria luz.

Alegria

Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem do mundo.
Em toda a parte, desabrocham as flores por sorrisos da natureza e o vento
penteia a cabeleira do campo com a música de ninar.
A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia,
inundado de sol, é a mensagem de alegria a falar-te do chão.
Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros.
Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos
para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta alegria por onde passes.
Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas.
A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda, generosa, que
a noite cesse para renovar-se, diariamente, em festa de amor e luz.

Meimei

AÇÃO DA PRECE

Você é o lavrador. O outro é o campo.


Você planta. O outro produz.

Você é o celeiro. O outro é o cliente

Você fornece. O outro adquire.

Você é o ator. O outro é o Público.

Você é o acontecimento. O outro é a notícia.

Auxilie quanto puder.

Faça o bem sem olhar a quem.

Você é o desejo de seguir para Deus.

Mas, entre Deus e você, o próximo é a ponte.

O Criador atende às criaturas, através das criaturas.

É por isso que a oração é você, mas o seu merecimento está nos outros.

(ANDRÉ LUIZ)

sábado, 22 de setembro de 2007


TRANQÜILIDADE



"Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz." - Jesus. (JOÃO, 16:33.)



A palavra do Cristo está sempre fundamentada no espírito de serviço, a fim de que os discípulos não se enganem no capítulo da tranqüilidade.
De maneira geral, os aprendizes do Evangelho aguardam a paz, onde a calma reinante nada significa além de estacionamento por vezes delituoso. No conceito da maioria, a segurança reside em garantia financeira, em relações prestigiosas no mundo, em salários astronômicos. Isso, no entanto, é secundário. Tempestades da noite costumam sanear a atmosfera do dia, angústias da morte renovam a visão falsa da experiência terrestre.
Vale mais permanecer em dia com a luta que guardar-se alguém no descanso provisório e encontrá-la, amanhã, com a dolorosa surpresa de quem vive defrontado por fantasmas.
A Terra é escola de trabalho incessante.
Obstáculos e sofrimentos são orientadores da criatura.
É indispensável, portanto, renovar-se a concepção da paz, na mente do homem, para ajustá-lo à missão que foi chamado a cumprir na obra divina, em favor de si mesmo.
Conservar a paz, em Cristo, não é deter a paz do mundo. É encontrar o tesouro eterno de bênçãos nas obrigações de cada dia. Não é fugir ao serviço; é aceitá-lo onde, como e quando determine a vontade dAquele que prossegue em ação redentora, junto de nós, em toda a Terra.
Muitos homens costumam buscar a tranqüilidade dos cadáveres, mas o discípulo fiel sabe que possui deveres a cumprir em todos os instantes da existência. Alcançando semelhante zona de compreensão, conhece o segredo da paz em Jesus, com o máximo de lutas na Terra. Para ele continuam batalhas, atritos, trabalho e testemunhos no Planeta, entretanto, nenhuma situação externa lhe modifica a serenidade interior, porque atingiu o luminoso caminho da tranqüilidade fundamental.






Emannuel
Livro: Vinha de Luz
Psicografia de: Francisco C. Xavier



BEM E MAL SOFRER



Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha.

Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus.

O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem.

A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus.

Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos.

O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição.

Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta.

Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral.

Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: "Fui o mais forte."
Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso.


Lacordaire. (Havre, 1863.)
Livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo
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AMARÁS SERVINDO



Ainda quando escutes alusões em torno da suposta decadência dos valores humanos, exaltando as forças das trevas, farás da própria alma lâmpada acesa para o caminho.
Mesmo quando a ambição e o orgulho te golpeiem de suspeitas e de rancores o espírito desprevenido, amarás servindo sempre.
Quando alguém te aponte os males do mundo, lembrar-te-ás dos que te suportaram as fraquezas da infância, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira oração, dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros que partiram da Terra, abençoando-te o nome, depois de repetidos exemplos da sacrifício para que pudesses livremente viver. Recordarás os benfeitores anônimos que te deram entendimento e esperança, prosseguindo fiel ao apostolado do amor e serviço que te legaram...
Para isso, não te deterás na superfície das palavras.
Colocar-te-ás na posição dos que sofrem, a fim de que faças por eles tudo aquilo que desejarias se te fizesse nas mesmas circunstâncias.
Ante as vítimas da penúria, imagina o que seria de ti nos refúgios de ninguém, sob a ventania da noite, carregando o corpo exausto e dolorido a que o pão mendigado não forneceu suficiente alimentação; renteando com os doentes desamparados, reflete quanto te doeria o abandono sob o guante da enfermidade, sem a presença sequer de um amigo para minorar-te o peso da angústia; à frente das crianças despejadas na rua, pensa nos filhos amados que aconchegas ao peito, e mentaliza o reconhecimento que experimentarias por alguém que os socorresse se estivessem desvalidos na via pública; e, perante os irmãos caídos em criminalidade, avalia o suplício oculto que te rasgarias entranhas da consciência, se ocupasses o lugar deles, e medita no agradecimento que passarias a consagrar aos que te perdoassem os erros, escorando-te o passo, das sombras para a luz.
Ainda mesmo quando te vejas absolutamente a sós, no trabalho de bem, sob a zombaria dos que se tresmalham temporariamente no nevoeiro da negação e do egoísmo, não esmorecerás. Crendo na misericórdia da Providência Divina e nas infinitas possibilidades de renovação do homem, seguirás Jesus, o Mestre e Senhor, que, entre a humildade e a abnegação, nos ensinou a todos que o amor e o serviço ao próximo são as únicas forças capazes de sublimar a inteligência para que o Reino de Deus se estabeleça em definitivo nos domínios do coração.


Emmanuel